Pré Natal – Consultas, Exames de Rotina e Tipos de Ultra-som

Pré Natal – Exames de Rotina e Ultrassons

O acompanhamento médico e a realização dos exames necessários durante toda a gestação é fundamental para acompanhar e avaliar a saúde da mãe e do bebê, prevenindo e tratando qualquer tipo de problema que possa surgir garantindo uma gravidez saudável e tranqüila.  

Assim, que a mulher descobre que está grávida deve primeiramente consultar o médico ginecologista obstetra para realizar os primeiros exames e ter as devidas recomendações seguindo o seu histórico de saúde.

Entre os exames de rotina durante a gestação estão: 

>>Hemograma completo – Esse exame será pedido pelo médico logo na primeira consulta após a descoberta da gravidez para avaliar o nível de hemoglobina, quantidade de leucócitos e plaquetas diagnosticando se a gestante está com anemia ou algum tipo de infecção sistêmica. O mesmo poderá ser repetido no decorrer da gestação.

>>Tipagem Sanguínea (Fator RH) – O aspecto mais importante é quanto ao sistema de Rh. Se a mulher for Rh negativo e o pai da criança também Rh negativo o bebê será com certeza Rh negativo e não haverá incompatibilidade entre a mãe e o feto sendo nula a possibilidade de doença hemolítica no recém-nascido. Já se o pai da criança for Rh positiva e a mãe Rh negativo, existe uma chance de 50% do feto ser Rh positivo, daí existir a possibilidade de sensibilização da mãe pela células fetais Rh positiva. Quando isso acontece, a mãe começa a produzir anticorpos que atravessam a placenta e destroem as hemácias Rh positivas do feto causando anemia fetal, icterícia ou até casos mais graves causando insuficiência cardíaca ou hepática no bebê. Mas felizmente tudo isso pode ser resolvido de forma bastante simples através de uma vacina chamada de imunoglobulina anti-D que age destruindo rapidamente qualquer célula do bebê que esteja na circulação sanguínea da mãe evitando assim a produção de anticorpos. 

>>Sorologia (toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis, aids e hepatite) – O exame sorológico das principais infecções congênitas é obrigatório e se for realizado precocemente logo após a descoberta da gravidez, é possível tomar medidas preventivas e evitar a transmissão do vírus para o feto, conseqüentemente evitar diversos problemas que as doenças podem provocar à saúde e vida do bebê. Em breve vamos abordar em matérias específicas cada uma delas.

>>Urina tipo I e urocultura  – Também é pedido logo no início da gestação podendo ser repetido posteriormente para verificar a presença de bactérias na urina causadoras de infecções. Juntamente com o exame simples de urina costuma-se pedir uma cultura ou urocultura para mostrar a proliferação e o tipo de bactéria responsável pela infecção.

>>Exame parasitológico de fezes – Esse exame também é muito importante e deve ser realizado logo no começo da gestação para diagnosticar se há presença de parasitoses intestinais. Alguns parasitas podem causar distúrbios de absorção de ferro provocando anemia materna e prejudicar o desenvolvimento do feto.  

>>Rastreamento de diabete gestacional – O nível de açucar do corpo já será avaliado através do 1º exame de sangue (glicemia) junto com o hemograma e outros.  Caso acuse diabete, será necessário uma dieta bastante controlada durante toda a gestação para garantir a saúde da mãe e do bebê.  Se a mãe tem diabete na família ou estiver acima do peso terá maior probabilidade de desenvolver diabete gestacional que só aparece durante a gravidez. Mas é bom frisar que qualquer mulher pode desenvolver diabete gestacional e por isso, por volta da 24ª a 28ª semana de gestação é recomendável fazer um rastreamento através do exame chamado de Teste de Tolerância Simplificada de Glicose, onde a gestante  toma 50 gramas de frutose e 1 hora após é colhido o sangue para o teste de glicemia.  Caso o resultado seja maior que 140mg/dl, é feito um novo teste, desta vez com medidas de glicemia até 3 horas. Se esse último também mantiver alterado, é então diagnosticado como diabetes gestacional.

>>Exame Papanicolau – é um exame extremamente importante que verifica alterações nas células do cérvix (parte interior do útero que abre-se para a vagina). Através do teste de Papanicolau pode ser evitado o câncer de cólo de útero e deve ser realizado pelo menos 1 vez por ano. Geralmente o médico já solicita no início da gestação já que não há contra-indicação alguma a realização desse exame durante a gravidez.

>> Cultura para Estreptococcus – O exame para detectar a presença de Estreptococcus B ou Streptococcous Agalactie deve ocorrer entre 35 a 37 semanas de gestação e tem por objetivo identificar as grávidas portadoras desta bactéria no trato genital instituindo assim medidas preventivas de septicemia neonatal (infecção do organismo do bebê por ação de agentes bacterianos no momento do parto). A infecção neonatal por estreptococcus é extremamente grave, colocando o recém nascido a riscos totalmente desnecessário, já que é totalmente evitável. O exame é bastante simples a partir de amostras coletadas da vagina e do orifício anal com uma espécie de "cotonete". Confirmada a presença do estreptococcus B é realizado tratamento à gestante com antibiótico endovenoso no dia do parto. O tratamento anterior é desnecessário, pois poderá haver contaminação novamente até o parto.

Além dos exames o médico pedirá a situação atual das suas vacinas. O ideal é que todas as mulheres sigam corretamente o calendário de vacinação antes de engravidarem, estando já imunizadas contra as principais doenças e ter uma gravidez tranqüila.

Durante a gestação a prescrição de vacinas fica bastante restrita principalmente aquelas que possuem o vírus vivo (sarampo, rubéola, caxumba, varicela, febre amarela, BCG) devido ao risco oferecido ao bebê.

As vacinas que podem ser tomadas durante a gestação sem qualquer problema sãos: Tétano e Difteria.

As vacinas contra Gripe, Hepatite A e Hepatite B podem ser prescritas sob a devida orientação médica para gestantes após o 2º trimestre.  Demais vacinas podem ser indicadas somente em casos muito especiais onde a situação de risco de contrair a doença seja maior que o risco da própria vacina.

Em conjunto com esses exames e cuidados, o acompanhamento ultrassonográfico da gestação tem papel fundamental no pré natal devendo ser realizado pelo menos em 4 ocasiões sendo:

>> 1º – Ultra-ssonografia Obstétrica Transvaginal (transdutor introduzido na vagina) – Esse exame deve ser realizado preferencialmente até a 12ª semana de gestação e serve para avaliar a presença da gestação intra ou extra-uterina (ectópica), se será um ou mais bebês e a real idade gestacional que servirá de base para o acompanhamento do desenvolvimento do bebê.  

>> 2º – Ultrassonografia Morfológica do 1º Trimestre – Ultrasom Morfológico ou Ultrasom Morfo-Genético é o exame sistemático do feto para detecção de anomalias maiores e menores. O primeiro US Morfológico deve ser realizado entre 11ª até 13ª semana de gestação para avaliar primordialmente as chances do feto ser portador de alguma cromossomopatia sendo a mais conhecida a Síndrome de Down a partir das medidas da translucência nucal (TN), o osso nasal e o ducto venoso. Esse US geralmente é realizado via transabdominal, mas caso não seja possível a visualização adequada será via transvaginal assim como o primeiro ultrassom.

>> 3º – Ultrassonografia Morfológica do 2º Trimestre – Exame realizado via trans-abdominal entre a 18ª e 24ª semana de gestação (preferencialmente entre 20ª e 24ª semana) e tem como objetivo a identificação de anomalias estruturais ou má-formação do feto, além de avaliar a placenta, o crescimento fetal e outros fatores importantes. O exame permite identificar cerca de 95% de anomalias possíveis.

>> 4º – Ultrassonografia Obstétrica Normal – No 3º trimestre entre 34ª a 38ª semana de gestação é realizado um US para acompanhar a movimentação do bebê no útero, a sua posição e peso, quantidade de líquido amniótico, os batimentos cardíacos, movimentos respiratórios e a posição e aspecto da placenta. Com o resultado desse exame, o médico consegue avaliar e programar melhor a data mais provável para o nascimento do bebê.  Esse tipo de ultrassom pode ser pedido a partir das 12 semanas de gestação e poderá se repetir quantas vezes o médico achar necessário.

Existem ainda outros tipos de exames adicionais que poderão ser requeridos pelo médico se os indicadores dos ultrassons acima citados (essenciais para todas as gestantes) estiverem fora do padrão considerado normal ou ainda se for desejo dos próprios pais em realizar outros exames como no caso do Ultrassom 3D e 4D para ter imagens mais reais do bebê.

Principais Tipos de Exames Complementares:

Ultrassonografia Obstétrica com Doppler Colorido ou Dopplerfluxometria – É um exame realizado com aparelho de ultra-som com recurso adicional que permite visualizar o fluxo sanguíneo colorido. Ele avalia a distribuição do fluxo dos vasos sanguíneos tanto do bebê como da mãe na tentativa de predizer determinadas patologias e determinar o estado de oxigenação do bebê (nível de troca de oxigênio e nutrientes entre a mãe e o bebê). É um exame de indicação precisa importante para o acompanhamento do bebê em mulheres que apresentam doenças hipertensivas na gestação.  

Biopsia do Vilo Corial – Exame invasivo onde através de uma agulha especial faz-se a punção via transabdominal guiada por ultra-som para colher amostra da placenta em formação para análise. Serve para diagnosticar anormalidade cromossômicas como a Síndrome de Down e é indicado para gestantes com 10 a 13 semanas de gestação que tiveram alteração no exame de Translucência Nucal, PAPP-A (proteína plasmática presente no sangue da gestante) ou outros indicadores, que possuem idade materna superior a 37 anos, que possuem histórico de doenças genéticas ou gravidez anterior com problemas. 

Amniocentese – Trata-se de um exame invasivo onde através de uma agulha especial faz-se a punção (transabdominal) guiada por ultra-som para colher amostra do líquido amniótico para análise em laboratório. É geralmente indicado quando ocorre alteração nos resultados dos exames de Translucência Nucal, PAPP-A, exame ultrasonográfico etc, suspeita de transmissão trans-placentária de infecções como rubéola, toxoplasmose, citomegalovirus etc, quando a idade materna é superior a 37 anos, para mulheres que já tiveram um filho com problemas congênitos, que possuem histórico de doenças genéticas na família, ou ainda quando se necessita avaliar a maturidade pulmonar do bebê para programar um parto prematuro seja por causas maternas ou fetais. 

Cordocentese – É um exame invasivo no qual através de uma agulha especial faz-se a punção via abdominal materna guiada por ultra-som para colher amostra do sangue fetal (sangue do cordão umbilical) para análise. O sangue colhido será analisado para fim de estudo cromossômico fetal para detectar anormalidade, para rastreamento de infecções fetais (citomegalorírus, toxoplasmose etc), e diagnóstico de doenças hematológicas como por exemplo anemia fetal. Esse exame é indicado a partir da 18ª semana de gestação e quando existe uma certa urgência em obter o resultado do exame ao achado de malformações, para fins de tomada de conduta. O cariótipo (número total de cromossomos por célula) é obtido em apenas 3 dias através da Cordocentese enquanto que leva cerca de 15 dias através da Amniocentese.   

Ultrassom 3D e 4D – Os mais modernos equipamentos de US atualmente, permitem capturar boas imagens do bebê e mais próximas da realidade, diferente das imagens em preto e branco do ultra-som normal, geralmente pouco compreendidas e às vezes frustrante para os pais. O ultra-som 3D permite obter imagens em terceira dimensão do bebê com qualidade, porém, estáticas, enquanto que o 4D tem-se essas mesmas imagens só que com movimento perdendo um pouco da qualidade pois a captura das imagens é feita de forma rápida e continua.  Além de contentar os pais, o ultrassom 3D e 4D é também uma boa ferramenta para auxiliar os médicos no diagnóstico de algumas anomalias fetais principalmente faciais e de extremidades. O exame pode ser realizado em qualquer fase da gestação, mas para obtenção das melhores imagens da face do bebê é aconselhável fazer entre 26 a 30 semanas de gestação onde nesse período o feto já tem uma boa quantidade de tecido gorduroso em baixo da pele (está mais gordinho) e ainda tem bastante líquido que permite a nitidez das imagens.   

Além dos exames laboratoriais e US citados acima, é fundamental a avaliação física feita pelo próprio médico durante as consultas de pré natal, como pressão arterial, pulso, peso da gestante, medição da barriga ou altura uterina (para avaliar o crescimento fetal), ouvir o coração do bebê entre outros. Através das consultas a gestante tem a oportunidade de conversar mais calmamente com o médico e tirar todas as dúvidas e receios que naturalmente irão surgir no decorrer da gravidez.

De forma geral as consultas são realizadas da seguinte forma;

>>1ª consulta do pré-natal – 1º Trimestre;

>>Consultas mensais a partir do 2º Trimestre até a 34ª semana;

>>Consultas quinzenais da 35ª a 38ª semana;

>>Consultas semanais até o parto.

Em gestantes que apresentam alto risco, o intervalo das consultas pré-natais deve ser avaliado individualmente e de acordo com a necessidade de cada caso.

O pré-natal oferecido pelo SUS dá direito a realização de pelo menos 6 consultas durante toda a gravidez e a realização de exames de sangue, urina e papanicolau no mínimo. Infelizmente, o Ministério da Saúde ainda não possui nenhuma determinação em relação à quantidade e tipos de ultra-sons que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve obrigatoriamente oferecer à gestante, dependendo e variando muito conforme a região e cidades do Brasil, dos recursos disponíveis, do médico e também das condições específicas de cada gravidez. Percebemos, principalmente em fóruns de discussão de gestantes as diferenças quanto à serviços oferecidos, atendimento, tempo de espera para consulta e exames, entre uma cidade e outra ou mesmo entre diferentes regiões das grandes cidades como São Paulo. 

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